Capítulo 5
Minha cabeça
latejava, meu corpo estava quente e minhas pálpebras, pesadas. Tento me
levantar, mas tudo estava dolorido. Tento me lembrar do que tinha acontecido,
lembro-me de tudo. Abro os olhos e vejo aquele homem de antes, ele estava
sentado em uma cadeira de madeira, olhava para mim, preocupado.
- Você está
melhor?
- Acho que
sim. O que aconteceu?
- Você
desmaiou e rolou ladeira abaixo
- Bem, isso
explica a enxaqueca e o corpo dolorido – digo – Tenho que voltar para o meu
acampamento
- Não! Você
tem que ficar com o seu povo
- Eles
precisam de mim, sou a única médica lá.
- Por favor,
fique com a gente.
- Diga-me o
seu nome – falo
- Fique
conosco, essa é a sua casa...
- Seu nome
- Sebastian.
- Sebastian,
eu preciso ir – digo
- Então vá,
mas não conte á ninguém sobre nós, sobre sua história.
- Certo
- Toda noite
eu vou visita-la, estarei detrás da nave, logo após a meia noite.
- Tudo bem.
Agora me diga: Como eu volto para o acampamento?
- Eu ti
levo. Venha.
Ele me
envolve em seus braços e me guia para fora da cabana. Ele segurava a minha mão
enquanto nos caminhávamos pela floresta densa. Demos várias e várias voltas,
passamos por arvores altas, vermelhas e
fedorentas. Sebastian me disse que elas eram venenosas.
Já era noite
quando eu cheguei no acampamento. Um muro de latão já haviam sido erguido ao
redor do acampamento. Me assusto no momento em que vejo guardas nas portas do
muro. Viro-me para Sebastian e ele sorri.
- Você
passou quase um dia desmaiada depois que a sequestramos. Depois, você passou
dois dias apagada.
- Ou seja,
passei quase quatro dias fora?
-
Basicamente.
- Até mais,
Sebastian – digo me afastando dele.
Sebastian me
puxa pelo braço, encosta seu corpo no meu e aproxima sua boca da minha. Nossa
respiração se entrelaçava, nossos batimentos cardíacos desaceleravam. Eu não me
sentia pressionada, sentia que o conhecia. Eu o conhecia, na verdade, só não me
lembrava.
- Vou fazer
você se lembrar de mim, Mykaela – diz ele e adentra a floresta, correndo.
Balanço a
cabeça e vou até o portão. Minhas pernas doíam por causa da queda assim como a
minha cabeça. Dois garotos gritam o meu nome enquanto correm até mim,
assustados e felizes ao mesmo tempo. John me pega no colo e me leva até a minha
barraca.
- Myka, você
está bem? – pergunta Thomas
- Onde você
estava?
- Finn,
Thomas, logo responderei suas perguntas, mas agora eu preciso descansar...
- Ah, ok.
Descanse – diz Finn saindo da barraca
- Fiquei
preocupado – diz Thomas se sentando ao meu lado na cama.
Sento-me e
abraço-o. Eu realmente gostava de Thomas, desde de que chegamos ele sempre
esteve por perto, cuidando de mim. Eu sempre ficava um pouco mais feliz quando
ficava perto dele. Ele me trazia calma, algo que ninguém aqui na Terra conseguia
me proporcionar.
- Você está
horrível. O que aconteceu?
- No dia em
que Octavia se machucou eu saí do acampamento e fui dormir na floresta. Sem
querer eu rolei o barranco e fui para Deus-sabe-onde. Fiquei dois dias apagada,
acho...
- Você
passou quase quatro dias fora...
- Nossa...
Alguém ficou doente nesse tempo?
- Não.
- E a
Octavia? Está melhor?
- Forte como
um cavalo – ele sorri
- Ótimo –
digo fechando os olhos.
Sinto as mãos
quentes de Thomas passando pela minha cintura e me deitando na cama. Seu corpo
se deitando ao meu lado e acariciando o meu rosto. Sua respiração batia em
minha testa e brincava com os meus cabelos. Seu mão fazia carícias em meu
braço. Durmo sendo embalada por uma canção que não conheço.
Acordo com
um apertão no braço. Era Thomas.
- Bom dia,
Myka – sorrio e me sento na cama
- Bom dia.
- Sinto em
lhe informa, mas o Bellamy quer fazer um interrogatório com você.
- Prevejo uma
dor de cabeça
- Vamos,
antes que ele entre aqui e ti erraste pelos cabelos.
Levanto e
prendo o meu cabelo em um rabo de cavalo. Visto a minha jaqueta e saio a passos
lerdos e doloridos. Thomas segurava minha cintura e me ajudava a andar. Bellamy
estava parado na frente da nave, de braços cruzados.
- Onde você
estava?
- Depois que
você brigou comigo por salvar a vida da sua irmã eu saí do acampamento e
caminhei o mais longe possível. Sentei perto de um penhasco e acabei pegando no
sono. A última coisa de que me lembro é de estar rolando entre folhas secas,
terra e galhos.
- Então você
passou três dias apagadas? – perguntou Bellamy
- Não.
Passei dois dias vagando pela floresta, procurando o acampamento e...
Minha visão
fica turva e eu cambaleio para trás. Thomas me segura e eu fecho os olhos.
Minha cabeça girava.
- Bellamy,
está bom por hoje. Ela está cansada – diz Thomas
- Bellamy,
alguém ficou doente enquanto eu estava fora?
- Myka, eu já
ti respondi isso, lembra?
- É mesmo –
digo sorrindo e desmaiando
Abro os
olhos e vejo Jaha ao meu lado. Um bipe irritante tocava se cessar. Olho ao
redor, eu estava na ala médica da Arca. Chanceler estava na cama, com vários
canos conectados ao seu corpo e com uma aparência fantasmagórica.
- Lembre-se.
Proteja os 100.
- Jaha, você
que devia protegê-los
- Eu não
consigo, não mais. A Arca vai vir a falência logo, vocês são a ultima esperança
- Jaha, por
favor!
- Tudo que
você precisa está dentro da sua cabeça e dentro do seu coração.
-
Chanceler...
- Mykaela,
você precisa entender: os 100 são a humanidade agora.
- Jaha, o
oxigênio durará dois meses, talvez menos, mas até lá nós iremos ver se a Terra
é habitável, e todos poderão descer.
Jaha tenta
dizer alguma coisa mas seu coração para junto com os bipes. Três médicos entram
no quarto, gritando e xingando. Lágrimas caiam desesperadamente pelo meu rosto.
Um frio percorre a minha, minha visão fica embaçada, minhas pernas amolecem e
eu caio no chão.